quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pontos culturais do Rio de Janeiro: Paço Imperial

Por William de Assis

Hoje centro cultural, o Paço Imperial serviu de residência para os governadores da antiga capitania do Rio de Janeiro, no século XVIII. Lá também ocorreram os despachos dos imperadores do Brasil, do Vice-Rei e do Rei de Portugal, Dom João VI. Confira conosco mais detalhes sobre esta construção que existe há 274 anos.




Localizado na Praça XV, no centro histórico do Rio de Janeiro, o Paço Imperial é reconhecido como o mais importante dos edifícios civis do período no qual o Brasil foi colônia de Portugal. Uma de suas atribuições é guardar o patrimônio histórico documental da época em que por aqui estiveram os principais nomes da Família Real Portuguesa. Apresenta um estilo arquitetônico colonial e, ao longo do tempo, recebeu diversos nomes, tais como: Armazém d'El Rey, Casas dos Governadores, Palácio do Rio de Janeiro e Paço do Rio de Janeiro.

A seguir vamos apresentar um pouco mais dos detalhes e a história sobre esta notória localidade do nosso estado.

História




Casa dos Governadores e Vice-Reis

O Paço imperial remonta ao ano de 1733, quando começou a ser pensado na gestão do então governador Gomes de Andrade, mais conhecido como Conde de Bobadela. Tendo feito um pedido para o rei Dom João V, a fim de obter uma licença para dar início a uma residência oficial para o governo do Rio, Andrade dá partida ao empreendimento, que ganhou realmente seus primeiros contornos no ano de 1738, com a supervisão do engenheiro militar português José Alpoim.

O espaço para o levantamento do prédio era o chamado Largo do Carmo, conhecido nos dias de hoje como Praça XV, centro da cidade-colônia. A inauguração oficial da Casa dos Governadores se deu no ano de 1743. Por volta desta mesma época, muitas foram as intervenções realizadas no Largo, tendo em vista a melhoria urbana da cidade do Rio de Janeiro. Foram construídas as casas de Telles de Menezes no lado oposto ao do Paço e se deu também a inauguração do chafariz trazido de Lisboa.



Alpoim, em sua reestrutura do ambiente onde se encontrava o Paço, integrou ao local alguns edifícios que já existiam por ali, tais como o Armazém Real e a Casa da Moeda, fazendo dois novos pisos com janelas e pequenas sacadas com molduras vergas curvas, de caráter inédito no Brasil. No interior, posicionou uma bela porta, feita em pedra de lioz, abriu espaços de pátios para uma maior circulação e fez um acesso aos pisos superiores por meio de uma bonita escadaria. Até o ano de 1808, quando da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, a Casa da Moeda e o Real Armazém ali ficaram presentes.

O ano de 1763 marcou a saída do Vice-Reino do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro, o que fez com que a Casa dos Governadores passasse a ser um centro administrativo, de onde saiam os despachos do Vice-Rei, o chamado Paço dos Vice-Reis.



Paço Real

Ainda no ano de 1808, após a vinda da Família Real Portuguesa, a edificação passou a ter o nome de Paço Real, onde serviu novamente de casa de despachos, só que desta vez do então Príncipe Regente e mais tarde rei Dom João VI. Mais uma vez foram realizadas obras em sua estrutura, quando a mesma ganhou um novo andar. O interior foi redecorado e o Paço ganhou uma Sala do Trono, que sediava a tradicional cerimônia do Beija-mão. Ao lado do Convento do Carmo, foi feito um passadiço para a Rainha D. Maria I.

Quando da aclamação do rei Dom João VI, uma espécie de varanda foi projetada, sendo um anexo de grandes proporções que ligava o Paço ao Convento do Carmo, que recebeu a festividade. Nesta mesma varanda se deu as coroações de D. Pedro I e D. Pedro II. Durante o Segundo Reinado, a varanda foi posta abaixo.

Foto de 1888, no episódio da assinatura de Lei Áurea pela Princesa Isabel


Paço Imperial

Seguidamente a Independência do Brasil, o prédio passou a ter o nome de Paço Imperial, mas também ficou conhecido como Paço do Rio de Janeiro, ainda funcionando como local de despacho, juntamente como residência eventual dos imperadores brasileiros. Dentro dele existe uma sala chamada o Pátio dos Arqueiros, na qual foi adicionada a decoração em estuque da década de 1840. A fachada passou a ter uma platibanda envolta do terceiro andar, escondendo o telhado.

Importantes acontecimentos da nossa história lá ocorreram: em 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I decidiu ficar no Brasil, descumprindo a ordem de voltar para Portugal, episódio que ficou conhecido como o Dia do Fico. O Paço também foi palco para, em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea, determinando o fim da escravidão no nosso país. A primeira localidade fotografada da América Latina, bem como do Brasil, foi tirada mostrando o Paço Imperial e o Largo que o circundava.



Desprestigio e volta por cima do Paço

Com a Proclamação da República, todas as propriedades, bens e territórios da Família Imperial foram leiloados. Com isso, o Paço passou a ser a Agência Central dos Correios e Telégrafos. Toda a decoração interna do prédio foi sumariamente destruída e espelhada. Sem a platibanda, o terceiro andar passou a ocupar toda a área do prédio.

Continuando com o processo de decadência do Paço, o pátio central foi ocupado e a fachada foi substituída  por frontões neo-coloniais. Somente em 1938 ocorreu o tombamento do prédio e, recentemente, em 1982, foi que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional restaurou todas as características do Paço presentes em 1818.



O atual Paço

O Paço imperial serve hoje de Centro Cultural, onde são realizadas mostras dos mais variados ramos da cultura e arte (pintura, fotografia, cinema e música, por exemplo). A construção conta com uma biblioteca de arte e arquitetura, a Biblioteca Paulo Santos, além de muitas opções de lojas, como livraria, discoteca e restaurante.

Informações úteis

- Endereço: Praça XV de Novembro, 48 - Rio de Janeiro
- Telefone: 21 233-4491
- Site: http://www.pacoimperial.com.br/

Não deixe de visitar o Paço Imperial. Com toda a certeza você vai conhecer muito mais sobre a história dos períodos colonial, imperial e republicano brasileiros e, consequentemente, a história da nossa cidade.

Até a próxima postagem!


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