terça-feira, 9 de outubro de 2012

Exposição A Construção da Nação - Museu Histórico Nacional

Por William de Assis

O Museu Histórico Nacional apresente em seu quadro permanente de mostras  a exposição A Construção da Nação, que retrata o período datado entre 1822 a 1889, usando como objeto de análise todo o tempo no qual o Brasil foi um império. Parte da história da nossa nação é contada aqui e convidamos você, nosso leitor, a saber um pouco mais sobre a monarquia brasileira.



Nosso tema hoje vai abordar algumas caraterísticas do processo que levou o Brasil ao modelo monárquico, como forma de governo após a nossa Independência de Portugal. O contexto de apresentação política, social e econômica mostrava-se complexo e cheio de características peculiares, envolvendo toda a questão de centralização do poder em uma unidade central. Entra então aí a razão da exposição A Construção da Nação, a qual falamos um pouco mais a partir de agora.

O Império

Fundado em 7 de setembro de 1822 e vigente até 15 de novembro de 1889, o Estado Imperial Brasileiro surgiu como uma alternativa para a que fosse implantado um novo conceito sobre civilização em nossa pátria. Com disputas de poder em todo o território, a manutenção da ordem e da unidade se fez difícil num primeiro momento, embora não tenha tardado para o governo conseguir unir as províncias. Existia também a mácula da escravidão, que foi levada até o ano de 1888, quando, por questões de cunho econômico, a Princesa Isabel assinou a Abolição da Escravatura.

Quando o príncipe decidiu ficar

A exposição retrata grandes momentos dessa época e um dos mais importantes foi o chamado ''Dia do Fico''. Esta data é lembrada até hoje como o dia em que D. Pedro instaurou e reafirmou uma nova posição do Brasil diante de Portugal: Os europeus exigiam a volta do monarca para as terras europeias, bem como a condição do Brasil permanecer colônia. Ao rechaçar qualquer possibilidade disto acontecer, D. Pedro declarou para toda a população brasileira a célebre frase: '' Para o bem geral da nação, diga ao povo que fico''.

Independência e primeira Constituição do Brasil

Não existia outro caminho para o Brasil trilhar a não ser a luta pela Independência. A autonomia já fazia parte da pressão da opinião pública. Com isso, em 7 de setembro de 1822 o Brasil se livrava, teoricamente, do domínio português. Agora o Estado era uma monarquia constitucional.

No entanto, tal instauração e manutenção da forma de governo, agora estabelecida, sofreu muitos embates até que de fato se consolidasse. Revoltas no Pará, Maranhão, Bahia e a recusa de Portugal em reconhecer o novo modelo brasileiro foram apenas alguns desafios a serem superados neste novo período político brasileiro. Ao ser criada a Assembleia Constituinte de 1823, as discordâncias dos poderes legislativo e executivo fizeram com que o Imperador outorgasse a primeira Constituição de nossa história, a Constituição do Império de 1824.

Sai D. Pedro I: A sucessão imperial 


Não bastasse todas as condições próprias do Brasil, o imperador ainda tinha que resolver problemas relacionados à Portugal. À luz dos acontecimentos que se sucederam após a morte de D. João VI, D. Pedro se tornava o nome a assumir o trono português, agora alvo de fortes disputas, inclusive entre Pedro e seu irmão, D. Miguel. Sem maiores alternativas que não fosse a abdicação do comando do Império do Brasil, Pedro I partiu para Portugal em 1831, deixando aqui o pequeno Pedro II, com apenas cinco anos de idade e o mais novo imperador do Brasil.

Em uma carta emocionada, D. Pedro I se despede de seu filho, reafirmado a postura com a qual lidou com o Brasil, lembrando dos feitos que aqui ocorreram e os motivos que o levaram a rumar para a Europa. Sem mais esperanças de ver seu filho, Pedro I entrega a pátria a uma criança que mal sabia a realidade dos fatos que estavam acontecendo e a importância que ela teria no futuro do Brasil.



Regência Trina e Una

Como outorgado na Constituição, uma regência seria criada para governar o país interinamente caso o sucessor do trono brasileiro fosse menor de idade no momento de sua posse. De 1831 a 1840 deputados e senadores tinham a missão de escolherem três pessoas que pudessem realizar os trabalhos que, naquele momento, Pedro II não poderia fazer. Foi pauta para estes governantes a luta pelos contra os ideais liberais e republicanos e contra a descentralização do poder, que gerou muitas revoltas em todo o país.

Para dar uma resposta a todas estes problemas, a regência passou a ser feita apenas por um regente, que tinha como principal atribuição, agora, conservar o poder central e diminuir a maioridade do jovem Pedro II, que assumiu o poder com apenas 14 anos de idade.

As elites cafeeiras e a manutenção da escravidão

O império, por mais que trouxesse novas conotações para a sociedade brasileira em termos políticos e sociais, não entrou, contudo, na temática da escravidão, que permaneceu na sociedade brasileira e foi inclusive reconhecida na Constituição outorgada de 1824, ao tratar de ''cidadãos ativos e não ativos''. A mão-de-obra dos negros foi a fomentadora da riqueza das elites brasileiras, que viram seu patrimônio crescer com a produção de café.

Construindo o Brasil com os europeus e o processo de industrialização do país

O modelo econômico no qual o Brasil se assentava já não agrava aos interesses da Inglaterra durante muito tempo. Com a crescente produção dos ingleses e com todos os acordos firmados com os ingleses, já se tornava insustentável a continuação do regime escravista no nosso país. Ao ser proibido o comércio de escravos entre nações, a movimentação para adquirir os mesmos passou a ser dada de forma interna, com o aumento do preço dos cativos.

Tudo isso proporcionou uma nova visão a respeito de como substituir a mão-de-obra escrava pelo trabalho assalariado e, desta maneira, a também vinda de diversos povos europeus para o Brasil, com a intenção de povoar lugares até então desconhecidos e fortalecer as lavouras brasileiras, que sempre foram de fundamental importância na economia agroexportadora daqui. Foram italianos, suecos, alemãs, entre tantos outros, que ajudaram a formar a diversidade cultural brasileira.

A industrialização começou no Brasil utilizando a verba adquirida com as lavouras acima citadas, tendo no café o grande potencializador da da atividade industrial. Outros fatos também ajudaram neste quesito: as tarifas alfandegárias impostas para os produtos importados e a troca do investimento em escravos, investimentos agora feitos nas fábricas, notadamente de tecidos calçados e bens de consumo.

República: O sonho se torna real. Pedro II parte para a Europa



Todas as manifestações que se sucederam durante o século XVIII visando a desestruturação do poder central tinham como pano de fundo a luta pela proclamação de uma república no Brasil. O sonho de destruir a monarquia e acabar de vez com qualquer traço da nobreza portuguesa foi ganhando contornos reais quando da entrada dos militares neste engajamento.  Sob o lema de Auguste Comte, filósofo positivista, o Brasil estava dando mostras de que o amor, a ordem e o progresso iriam transformar o ideal republicano em ação.

Não haveria, sob hipótese alguma, a possibilidade de Pedro II continuar com sua família em terras brasileiras. Tendo em vista o novo processo civilizatório e o projeto de total fortalecimento da Federação, com a exclusão do passado monárquico e de todas as influências portuguesas na formação da identidade brasileira, Pedro II não teve outra alternativa a não partir rumo à Portugal. Em carta de despedida, o mesmo cita o período no qual ficou a frente do poder e demonstra o desejo de ver a nova pátria tomar rumos grandiosos em seu futuro.

Coleção da mostra

Faz parte da exposição todo o acervo com as tradicionais peças do museu, bem como obras de arte contemporâneas, que retratam episódios marcantes na história do Brasil. São mobiliários, telas e quadros, utensílios, vestuário, documentos, fotos e uma série de outros objetos que compõem a memória dos tempos imperiais, sem deixar de mencionar também algumas passagens do Brasil-Colônia. Além de tudo isso, o visitante do museu vai encontrar à sua disposição vários recursos de multimídia, que visam dar uma maior interação com os processos históricos da nossa nação.



O Museu Histórico Nacional fica na Praça Marechal Âncora, s/n, no Centro do Rio de Janeiro. O funcionamento do local é de terça a sexta, das 10h às 17h e aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h. O ingresso para exposições permanentes é de R$ 6 a inteira. Tem direito a meia estudantes e maiores de 60 anos, e a gratuidade se estende aos domingos, aos menores de 5 anos, alunos e professores de escolas públicas, maiores de 65 anos , guias turísticos e estudantes de museologia.



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