quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Cidades turísticas do Rio de Janeiro: Paty do Alferes


Por William de Assis

Situada na Região do Vale do Ciclo do Café, a cidade foi um dos primeiros locais a serem ocupados no interior do Rio de Janeiro. Sua importância se dá, sobretudo, na colonização do entorno onde se encontra. Confira no nosso blog todos os detalhes sobre este belo município do nosso estado.


    
História

As origens de Paty do Alferes começam no ano de 1700, quando Garcia Pais, conhecido como o Caçador de Esmeraldas, empreendeu ali o Caminho Novo, ligando as Minas Gerais ao porto do Rio de Janeiro. Anos mais tarde, este mesmo trajeto serviria para o transporte de ouro produzido na cidade mineira e para a  locomoção de imigrantes para o interior, substituindo o caminho que ia até Paraty.

Por conta deste contexto, o local passou a ganhar notoriedade e teve seu desenvolvimento acelerado, fazendo com que muitas terras da sesmaria de Pau Grande passassem a ser ocupadas. Segundo relatos, o ambiente era formado por muitas florestas virgens e por índios, com uma roça em meia a vasta selva, roça esta que seria o primeiro núcleo de habitantes dos territórios vizinhos.


O nome Paty dos Alferes (ou Pati) pode ter seu surgimento ligado à uma união entre o nome do posto militar de Alferes (mais conhecido como segundo-tenente) com o vocábulo indígena pati, que significa ''árvore que se eleva''. Sobre isto, sabe-se, através de registros históricos, que dois alferes ali viveram, cujas propriedades ficariam conhecidas como Roça dos Alferes. As árvores da região iam da serra até as margens do Rio Paraíba do Sul.

A religiosidade teve sua presença iniciada com o capitão Francisco Tavares, que detinha uma fazenda onde foi criada a primeira capela da região. Em 1726, com o Bispo Antônio de Guadalupe, o espaço passou a ser um curato, ideia que visava atender com mais atenção os católicos que por ali moravam. No ano de 1739, novamente Francisco Tavares contribuiu para a cena religiosa da região, com o terreno doado onde foi erguida a primeira igreja matriz. Este episódio marcou a criação da freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Alferes.



Algumas das primeiras atividades que foram desenvolvidas pelos moradores foram o plantio da cana-de-açúcar e a criação de porcos, com a ajuda dos rios Ribeirão de Ubá e Rio do Saco, sempre deixando as terras muito férteis. Uma outra forma de comércio que prosperava era a venda de alimentos para aqueles que utilizavam a rota do Caminho Novo.

Já na época da vinda da Família Real para o Brasil e um pouco antes de nossa independência, a freguesia de Conceição do Alferes foi elevada à vila, em decreto do rei Dom João VI, no ano de 1820. Muitas eram as fazendas de café que ali se instalaram e que faziam com que o sucesso econômico ficasse cada vez maior, muito embora só se encontrassem, à época, cerca de quatro casas pelas terras de Paty.



Gradativamente, a plantação de café substituiu a da cana-de-açúcar, resultando na derrubada de grandes porções de florestas. A alta produtividade das lavouras de café a partir da segunda metade do século XIX muito se deveu ao trabalho escravo, atrelado ao clima e as terras sempre muito férteis. Os lucros passaram a ficar maiores ainda com o escoamento da produção para a Europa e os Estados Unidos, fato que creditou extrema riqueza para os fazendeiros.

Em 1833 a sede da vila passou a ser em Vassouras, com a volta de Conceição do Alferes ao patamar de freguesia. O crescimento econômico trouxe consigo a necessidade de haver mais mão-de-obra escrava, o que fez com que, em 1838, houvesse uma fuga em massa dos africanos, liderados por Manuel Congo. O líder promoveu uma revolta que causou grandes prejuízos para os donos de escravos. No final, a Guarda Nacional teve a incumbência de acabar com a atitude de Congo.



O enriquecimento de Paty fez com que nascesse uma forte aristocracia rural, caracterizada pelos nobres sempre muito influentes com a corte portuguesa e suas questões. Como exemplos podemos citar o Visconde de Ubá, o Barão de Capivari e o Barão de Guaribu, entre muitos outros existentes. Os problemas, porém, estavam começando a surgir: o esgotamento dos solos e a falta de matas fizeram com que os cafezais perdessem sua capacidade de produção.

Tendo em vista este processo, muitos nobres empobreceram e tiveram que emigrar. A decadência surgiu no final do século XIX e fez com que a pecuária leiteira desse lugar ao café. A economia passou por um processo de revitalização, feito especialmente pelos imigrantes italianos, alemães e japoneses, com suas técnicas agrícolas.

Um dos locais de grande reconhecimento em Paty do Alferes é a Aldeia de Arcozelo, que antes era a Fazenda Freguesia, onde aconteceu a revolta de Manuel Congo. Emancipada em 1987, a cidade hoje tem uma grande produção agrícola e é conhecida como a maior produtora de tomates do Rio de Janeiro, a terceira maior do Brasil.

Turismo e Cultura

Aldeia de Arcozelo



Como dito anteriormente, era a antiga Fazenda Freguesia, onde se deu a maior revolta de escravos da região, tendo como organizador Manoel do Congo. O atual nome vem de um de seus antigos donos, o Visconde de Arcozelo. Em 1958 a propriedade virou um centro de atividades artísticas teatrais. Tem a administração da Fundação Nacional de Arte e fica aberta para visitação. Em termos de área, é o maior Centro cultural da América Latina.

Igreja Matriz

É um monumento arquitetônico que representa o período histórico mais importante da cidade. Em 1973 teve seu tombamento junto ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.



Sua construção aconteceu no ano de 1840, quando da doação das terras e de dinheiro do então capitão-mor Manuel Francisco Xavier e de sua esposa, Francisca Xavier, a baronesa da Soledade. O estilo da obra  é colonial, com madeira e paredes frontais de pau-a-pique. No interior, a decoração é feita com peças de mobiliário e ícones, como as imagens de Nossa Senhora, datadas do século XIX.

A inauguração foi celebrada em 1844, com a administração da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição. Somente no ano de 1937 é que ocorreu o comando dos franciscanos. Algumas obras foram realizadas em seu centenário, em 1944, juntamente com a inauguração da Praça da Matriz e a Galeria dos Fundadores. Conta também com o Espaço Cultural Frei Aurélio Stulzer.

Caminho do Imperador



Encontra-se em plena Mata Atlântica e foi aberto por Garcia Rodrigues no início do século XVII, atravessando a região de Paty do Alferes e Córrego Seco, atual Petrópolis.

Inicialmente, as viagens eram feitas somente à cavalo ou à pé. Com o crescimento da região, causado pela grande produção agrícola, e com a intenção de aumentar a fabricação de carros e carruagens, a estrada passou por reformas e se tornou apta para receber estes novos veículos, dinamizando e encurtando o tempo de viagem. Conta com 33km, que partem da Estrada do Contorno. Seu nome foi dado por conta das inúmeras viagens que D. Pedro II fez ali.

Centro Cultural Maestro José Figueira



Local de muitos eventos do município, tais como teatros, cursos, exibição de vídeos entre outros. Conta com modernas instalações e uma arrojada arquitetura. Sua biblioteca tem um acervo de mais de 40.000 exemplares, com sala especializada em literatura brasileira. Ainda abriga com uma sala de teatro com capacidade de 110 espectadores.

Museu da Cachaça



É o primeiro museu do país destinado a este tema, tendo sido inaugurado em 1991. Tem uma enorme variedade de garrafas de todo o Brasil, que estão juntas de quadros, coleções de crônicas e artigos, livros especializados, trovas populares e um antigo mini-alambique, bem como algumas outras peças que giram em torno da história da cachaça.

Se encontra na localidade uma indústria artesanal de aguardente, duas adegas e um bar de degustação gratuita.

Eventos

Festa do Tomate 



Todo o ano se comemora em Paty do Alferes a Festa do Tomate, englobando as festividades da semana de Corpus Christi e recebendo a quantidade de 40.000 visitantes por dia em média. O encontro surgiu de uma exposição técnica feita pela CEASA e pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, no ano de 1979.

No ano de 1995, com a inauguração do Parque de Exposições Amaury Pullig, a festa passou a ser considerada a maior do gênero no estado do Rio de Janeiro. Para atrair o público da região, são feitos também shows, eventos esportivos, concursos de culinária e a eleição da Rainha da Festa.

Expo Orquídeas e Bromélias



Tendo como contexto a maior diversidade de orquídeas e bromélias do mundo situada aqui no Brasil, a cidade de Paty organiza anualmente uma exposição voltada para o cultivo das flores. São apresentadas variações e inúmeros tipos de Orquídeas e Bromélias, que se encontram tanto na cidade quanto no restante do país.

Festa do Doce



É o festival gastronômico realizado no feriado da Semana Santa, recebendo em torno de 10.000 visitantes em cada edição. Todos os produtos são feitos artesanalmente, como geleias, bombons e conservas, sempre tendo como matéria-prima o famoso tomate do município e são vendidos nos estandes montados na antiga estação ferroviária.


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