quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Por William de Assis

Instituição centenária localizada no coração do Rio de Janeiro, o Teatro Municipal abriga grande parte da história cultural do país. Feito na gestão de Pereira Passos, em 1909, a construção é um belo conjunto arquitetônico, idealizado à época para reurbanizar a Cidade Maravilhosa.




História

O Rio de Janeiro, durante boa parte do século XIX, vivia ares de grandes atividades teatrais. Embora o cenário carioca já estivesse tomado pela arte, não existia ainda um aparato para se receber os espetáculos que aqui eram encenados, situação incômoda para a então capital do país. Renegados por sua precariedade estrutural e recebendo inúmeros descontentamentos por parte do público e dos artistas, os teatros São Pedro e Lírico eram as únicas opções culturais para os habitantes da cidade.

Cinco anos após a Proclamação da República, foi encabeçada por Arthur Azevedo uma iniciativa que previa a criação de uma companhia municipal, bem como uma teatro que pudesse sediar a mesma, seguindo o modelo teatral estatal da França, o Comédie-Française. Mesmo com a necessidade de se implementar uma casa voltada para o teatro, apenas uma lei municipal foi criada, sem que de fato fosse cumprida. Para maior indignação, uma taxa foi cobrada para que o prédio fosse levantado, o que não ocorreu, e nunca se soube para onde verdadeiramente a verba foi parar.

O Teatro Municipal passou a ser efetivamente pensado em termos de construção a partir do ano de 1903, quando o prefeito Pereira Passos lançou um edital convocando os projetos a serem analisados para o levantamento da casa. O contexto também favorecia o plano: o Rio de Janeiro passava por um grande processo de urbanização, mais evidentemente notado no Centro da cidade, com a abertura da Avenida Central, hoje chamada Avenida Rio Branco. Estava aqui um dos motivos pelos quais o Municipal finalmente viria a ganhar vida.

O projeto escolhido como vencedor foi o de Francisco de Oliveira Passos, após a fusão de seu trabalho com o de Albert Guilbert, que foi inspirado na Ópera de Paris. O edifício começou a ser feito em 1905, tendo como base 1.180 estacas de madeira de lei, que sustentam toda a obra. A decoração ambiente ficou por conta de grandes pintores e escultores daquele momento, tais como Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernadelli, contando ainda com a ajuda de artistas europeus para a criação de vitrais e mosaicos.

Em 1909 finalmente o espaço era inaugurado, sob a presidência de Nilo Peçanha e prefeitura de Serzedelo Correia. Neste projeção inicial, foram feitos 1.739 lugares, o que mudou em 1934, com a percepção de que o teatro estava em uma capacidade inferior à aquela que poderia atender a crescente população dos anos 30; o número de espectadores passava a ser de 2.205. Mais tarde, com algumas modificações e algumas adaptações, o Teatro Municipal passou a ter a capacidade que ostenta até hoje, de 2.361 lugares.

Já na metade da década de 70, o teatro teve que ser fechado para passar por uma restauração, a fim de modernizar suas instalações, sendo aberto novamente em 1978. Ainda neste ano surgiu a Central Técnica de Produção, que tinha como responsabilidade a gerência de todos os espetáculos realizados no teatro. Já em 1996 começou-se a fazer o prédio anexo, com o intuito de criar uma localidade que pudesse servir para os ensaios técnicos que seriam posteriormente encenados. Ali se abrigam o coro, o balé e a orquestra.

Quando da construção do Teatro Municipal, apenas companhias de teatro estrangeiras se apresentavam, como as italianas e as francesas. Para tentar reverter este quadro e criar uma companhia que atendesse aos aspectos culturais do país, foi criada em 1931 a Orquestra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde já já estiveram presenças ilustres, tais como Heitor Villa-Lobos, Igor Stravinsky, Alexander Brailowsky, entre outros grandes representantes da música erudita.



Em 2008 o teatro sofreu nova intervenção, desta vez para modernizar todo o seu aparelho, que estava prestes a completar 100 anos de existência. Em 2010 ele foi reaberto, com custo total de R$ 64 milhões. Em 2011 foi usado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, na visita do político ao Brasil.

Obras de Arte


Muitas das obras hoje presentes dentro do Teatro Municipal fazem parte do acervo de grandes artistas brasileiros, como exemplos: Eliseu Visconti, Henrique Bernadelli e Rodolfo Amoedo.

Eliseu Visconti foi quem mais contribuiu para a decoração do Teatro, inclusive com todas as peças pintadas e encontradas na sala de espetáculos, tendo destaques a maior tela já pintada no Brasil, o majestoso pano de boca; o teto sobre a platéia e o friso sobre o palco. Os painéis laterais também são de sua autoria, considerados obras-primas da pintura decorativista no Brasil.

Rodolfo Amoedo pintou as paredes laterais do teatro, totalizando oito delas. Bernadelli tem como obras as pinturas dos tetos das duas rotundas. Encontrado no subsolo do teatro, o restaurante Assirius foi feito com o estilo assírio, razão pelo qual carrega este nome.

Reformas


Tendo em vista as comemorações pelo centenário do Teatro Municipal, a última reforma no espaço foi feita em 2008, que devolveram o estilo original da obra, durando cerca de 900 dias. Nesta reforma foram usadas milhares de folhas de ouro de 23 quilates trazidas da Alemanha, que adornam a fachada e a cúpula, além de 250 operários trabalhando num dos mais belos prédios do Centro do Rio de Janeiro.

Algumas das prioridades desta nova intervenção foram a águia dourada de cobre no centro do telhado, as três cúpulas douradas, os vitrais e a fachada com escadaria de pedra, além de outras 23 obras internas que foram retocadas e inseridas em inovações tecnológicas. Preocupação maior ficou com as obras de Eliseu Visconti, que estavam bastante danificadas devido as infiltrações e deterioração do tempo, obras estas que foram completamente reestruturadas.



A estética original continuou mantida e o palco ganhou um elevador que dá acesso para o piano. Os equipamentos utilizados no cenário são controlados por um software. Algumas paredes de 80 anos atrás foram redescobertas, além do friso sobre o proscênio original e uma inusitada e inesperada passagem secreta. O Teatro Municipal voltou ao público com 219 mil folhas de ouro, 57 toneladas de cobre e 1.500 luminárias novas.

Informações úteis

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro fica na Cinelândia, na Praça Marechal Floriano, no Centro da cidade. O telefones para contato são: 2332-9191 e 2332-9134. Além disso existe o site http://www.theatromunicipal.rj.gov.br/index.html, onde pode ser encontrada mais informações e toda a programação do local.


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