quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um pouco de história: Observatório Nacional

Por William de Assis

Criado por D. Pedro I em 1827, o Observatório Nacional é um dos órgãos mais antigos de ciência no Brasil. Localizado no Rio de Janeiro, o espaço é responsável pela pesquisa, ensino e serviços tecnológicos no nosso país. Conheça aqui no nosso blog um pouco mais sobre este importante centro científico.



O Observatório Nacional, instituição brasileira que completa 185 anos em 2012, foi elaborada com a finalidade de ser a condutora dos pesquisas sobre a Geografia brasileira, bem como a orientadora dos estudos de navegação em nosso território. Uma de suas atribuições, além destas duas citadas, é tomar conta da Hora Legal Brasileira. O campo de atuação da instituição também abrange as áreas de Astronomia, Astrofísica e Geofísica, oferecendo nestas pós-graduação com mestrado e doutorado. Outros institutos nasceram a partir do Observatório: o de Meteorologia, o Laboratório Nacional de Astrofísica e o Museu de Astronomia.

História

A origem do Observatório data um pouco antes do ano de 1827. O relato do Padre Serafim Leite diz que os jesuítas criaram o espaço no Morro do Castelo quase cem anos antes, em 1730. Cinquenta anos depois, dois astrônomos de Portugal, Sanches e Oliveira, puseram equipamentos científicos no local, a fim de fazerem estudos sobre Astronomia, Meteorologia e Magnetismo terrestre.

A data de 27 de setembro de 1827 marca a autorização da Assembléia Geral Legislativo do Império para que o governo criasse um Observatório Astronômico, sendo o mesmo oficialmente criado na Escola Militar por meio do decreto de 15 de outubro do mesmo ano, documento este assinado pelo então imperador do Brasil, Dom Pedro I.

Em 1845 o Observatório teve seu local transferido para a Fortaleza da Conceição, a mando do Ministro de Guerra Jerônimo Coelho, que transformou a instituição em órgão imperial. Do ano seguinte até 1850 todo o aparato e estrutura foi levado para o Morro do Castelo, ficando lá até 1920. O ano de 1865 marca a passagem do comando do Observatório do Império para a Escola Central, um desmembramento da Escola Militar, ficando nesta situação até o ano de 1871, quando foi criada a Comissão Administrativa do Imperial Observatório do Rio de Janeiro.

Os anos compreendidos entre 1827 a 1871 foram de exclusividade para a instrução de alunos vindos de escolas militares de todo o país. Em 1871 o Observatório deixou seu caráter militar para ser somente um centro de estudos e pesquisas nos campos os quais sempre atuou. Entre idas e vindas e muitos planos para a sucessão de sua administração, em 1889 ele volta para os cuidados do Ministério da Guerra.

Durante o início do século passado o Observatório ainda ficou sob ordens do Ministério da Agricultura, que tinha uma divisão chamada Diretoria de Meteorologia e Astronomia. Em 1913 a pedra fundamental da construção no morro de São Januário foi colocada e dois anos depois foi incorporado à estrutura da instituição o Observatório Magnético de Vassouras.

O ano de 1921 foi especial para o local, que recebeu a ilustre visita de Albert Einstein, que veio passar uma temporada em terras brasileiras. No mesmo ano a meteorologia deixou de ser tema primordial na composição dos estudos ali realizados, ganhando uma divisão para tratar somente deste tema. Em 1930 o Ministério da Educação e Cultura passa a se responsabilizar pela área. Mais recentemente, nos anos de 2003 e 2004, respectivamente, foram criadas instalações para o Serviço da hora e o Carimbo do Tempo.



Objetivo

Os objetivos do ON são três, tendo sido criados no Brasil por meio deste órgão:

- Execução de pesquisas astronômicas;

- Levantamentos geofísicos do território Nacional;

- Geração, manutenção e disseminação da Hora Legal Brasileira.

Museu

O Centro Nacional de Pesquisas Físicas criou em 1982 o Projeto de Memória de Astronomia e de Ciências Afins, com a finalidade de preservar toda a história da Astronomia, Geofísica, Meteorologia, Metrologia, Física e Química no Brasil. Após três anos o projeto saiu do papel e ganhou contornos reais, sendo inaugurado o Museu de Astronomia e Ciências Afins que, embora não esteja ligado ao Observatório, ocupa suas instalações. Todo o acervo é tombado pelo IPHAN e pelo INEPAC.

Publicações do ON

O primeiro volume do Anuário do Observatório foi publicado em 1885, tornando-se assim um dos mais velhos registros periódicos sobre a ciência no país, dando continuidade ao conteúdo das Efemérides Astronômicas. Desde então o documento tem sido publicado em todos os anos, sem ter sofrido nenhuma interrupção. Em 1886 foi a vez da Revista do Observatório ser publicada, a primeira exclusivamente científica do país.

Trabalhos do Observatório

O Observatório brasileiro tem grande destaque no cenário científico mundial. Um dos trabalhos mais reconhecidos e muito importante realizado pela instituição foi a determinação da paralaxe solar, quando da passagem do planeta Vênus pelo disco solar, na Estação da Ilha de São Thomás, nas Antilhas, em 1882. Durante o século XIX o ON ajudou o exército no estabelecimentos das fronteiras brasileiras. Em 1919 chefiou uma expedição inglesa, que contou com a participação dos EUA. Nesta expedição foi documentado o eclipse total do Sol, em Sobral, no Ceará.

Carregando a responsabilidade de ser o centro astronômico mais antigo em funcionamento na América do Sul, o Observatório Nacional pesquisa atualmente o mapeamento das galáxias, desenvolvendo detectores que possam capturar a fraca luz vinda destes corpos celestes.

Serviço Hora Legal

Este serviço toma conta, há mais de 150 anos, da informação precisa e correta sobre a hora do Brasil, sendo esta repassada para todos os estados brasileiros e servindo de fuso-horário para o resto do mundo. Todo o aparato em Metrologia em Tempo e Frequência fica a cargo da Divisão de Serviço da Hora do Observatório Nacional. O horário brasileiro é definido por meio de um conjunto de relógios atômicos de césio. Na internet o público pode ter acesso à sincronização dos relógios atômicos, por meio de rádio difusão.

Ensino

O ON oferece um programa de pós-graduação, formando mestres e doutores em Astronomia, Astrofísica e Geofísica. Em 1996 foi criado o Ciclo de Cursos Especiais, que visa unir pontos da Astronomia e da Astrofísica, completando a formação dos alunos em pós-graduação. Desde 1997 é realizado no Observatório o curso anula de astronomia no verão e cursos de atualização em Astronomia e Astrofísica, com estudantes do segundo grau e pessoas que tem interesse pela área.

Em 2003 o espaço passou a ministrar aulas à distância, de astronomia e astrofísica, com a intenção de popularizar os conhecimentos científicos adquiridos ao longo dos anos pela instituição.
O acervo do Observatório conta hoje com cerca de 18.000 livros, 400 títulos de periódicos, teses e obras de referência nas áreas de astronomia, geofísica e ciências similares.

Informações úteis

O Observatório Nacional fica na Rua General José Cristino, 77, em São Cristovão, no Rio de Janeiro. Osite para contato é o http://www.on.br/


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